Suplemento Litúrgico do Domingo do Publicano e do Fariseu
17 de Fevereiro de 2019
(CC) - 04 de Fevereiro (CE)
PÓS-FESTA DO ENCONTRO
INÍCIO DO TRIODION
INÍCIO DO TRIODION
Santo Isidoro de Pelusium, monge (ca. 436-440). São Jorge, príncipe de Vladimir (1238). São Cirilo, fundador do Lago Novo Mosteiro (Novgorod) (1532); Mártires Jadorus e Isidoro, que sofreram sob Decius (3º c.). Hieromartyr Abramius, bispo de Arbela na Assíria (ca. 344-347). São Nicolau, o Confessor, abade de Studion (868). Veneráveis Abraão e Coprius, fundadores do Pechenga Mosteiro (Vologda) (15º c.); Novo Hieromartyr Metódio (Krasnoperov), bispo de Petropavlovsk (1921). Novo Hieromartyrs Teodósio (Bobkov), hieromonge do Chudov Mosteiro (de Moscou), Nicholas Kandaurov, arcipreste (Moscou), Boris Nazarov, arcipreste, de Protasievo (Verey), Alexander Pokrovsky, arcipreste, de Mineyevo (Moscou), Alexander Sokolov, arcipreste, de Paveltsovo (Moscou), Pedro Sokolov, arcipreste, da Klin (Moscou), João Tikhomirov, arcipreste, de Petrovskoye (Moscou), e Nicholas Pospelov, o sacerdote, de Bylovo (Podolsk) (1938). Novo Mártir Raphaela, schemanun, de Moscou (1938); Hieromartyr Phileas, bispo de Thmuis, e Mártir Philoromus o Magistrado (ca. 303). São João de Irenopolis (ca. 325). São Evágrio, a companheira de ascética de São Shio de Mgvime, Geórgia (6º c.); Hieromartyr Aldate de Gloucester (6º c.). Novo Mártir José de Alepo, na Síria (1686).
Tom 5
Comemoração do Santo Monge Isidoro Pelusiotes
O Monge Isidoro Pelusiotes viveu durante os séculos IV-V. Ele era natural de Alexandria e foi criado entre cristãos piedosos. Ele era parente de Teófilo, Arcebispo de Alexandria, e de seu sucessor, São Cirilo.
Ainda jovem, deixou o mundo e retirou-se para regiões interioranas do Egito, para o Monte Pelusiotes, que se tornou o local de seus esforços monásticos. A sabedoria espiritual e o ascetismo estrito do monge Isidoro, em combinação com sua ampla erudição e conhecimento inato da alma humana, permitiram-lhe em pouco tempo conquistar o respeito e o amor de seus companheiros monges. Eles o escolheram como sendo o chefe deles e o elevaram à dignidade do presbítero. Seguindo o exemplo de São João Crisóstomo, ao qual ele conseguira ver e ouvir durante o tempo de uma viagem a Constantinopla, o monge Isidoro dedicou-se, principalmente, à pregação cristã - aquela "sabedoria prática" que, em suas próprias palavras, é, ao mesmo tempo, tanto a "a fundação do edifício e do próprio edifício", a qual tem na lógica "o seu embelezamento" e na contemplação - "a sua coroa".
Santo Isidoro também era um professor, e alguém que estava sempre disposto a aconselhar qualquer pessoa que o procurasse buscando encorajamento espiritual, não importando se quem o buscasse fosse um homem simples, um dignitário, um bispo, o Patriarca de Alexandria ou mesmo o próprio Imperador. Ele, também, deixou cerca de 10.000 escritos, dos quais 2.090 sobreviveram, e grande parte desses escritos são de grande profundidade teológica e contém moralmente. interpretações edificantes da Sagrada Escritura. É aqui que o Monge Isidoro se destaca como o melhor discípulo de São João Crisóstomo. O amor e devoção do Monge Isidoro por São João Crisóstomo resultou em uma eficaz intervenção sua em defesa de São João durante o tempo em que foi perseguido pela imperatriz Eudoxia e pelo Arcebispo Teófilo. Após a morte de São João, o monge Isidoro persuadiu o sucessor de Teófilo, São Cirilo, a inscrever o nome de São João Crisóstomo nos dípticos da Igreja como Confessor. E através da iniciativa do Monge Isidoro convocou-se o Terceiro Concílio Ecumênico em Éfeso (431), no qual foram condenados os falsos ensinamentos de Nestório a respeito da Pessoa de Jesus Cristo.
Santo Isidoro faleceu bastante idoso, por volta do ano 436. O Historiador da Igreja, Evágrios (Séc. VI) escreve sobre o monge Isidoro, dizendo, que "sua vida parecia a todos a vida de um anjo sobre a terra". Outro historiador, Nicholas Kallistos (século IX), assim elogia o monge Isidoro:
"Ele era um pilar vital e inspirado das regras monásticas e das divinas percepções, e das tais, revelou-se modelo excelso e exemplo de altíssimo fervor e ensinamento espiritual".
Comemoração do Santo Nobre Príncipe Jorge (Georgii, diminutivo Yurii)
O Santo Nobre Príncipe Jorge (Georgii, diminutivo Yurii) era filho do Grande Príncipe Vsevolod, apelidado de "Grande Abrigo" ("Большое Гнездо"). Ele nasceu no ano de 1189, e assumiu o trono de Vladimir em 1212. George destacou-se por seu valor militar e sua piedade.
No ano de 1237, a horda tártara (mongol) de Batu desceu sobre a terra russa. São Jorge foi obrigado a deixar a capital, deixando-a ao encargo de seus filhos, e partiu para o norte, para se unir aos outros príncipes. No dia 4 de março de 1238 ocorreu a Batalha no Rio Sita, na qual os tártaros destruíram a companhia, não muito grande, mas valente, do grande principado. O próprio santo tombou nessa luta. O bispo Kirill enterrou seu corpo na catedral de Rostov; dois anos depois, foi com grande solenidade transferida para a catedral de Vladimir Uspenie (Dormição). E em 1645 ocorreu a glorificação da Igreja do santo.
Comemoração do Santo Mártir Abramius
O Hieromartyr Abramius, Bispo de Arbela, padeceu durante uma perseguição contra os Cristãos na Pérsia, sob o imperador Sapor II. Quando quiseram obrigar o Santo a renunciar a Cristo e a adorar o sol, ele respondeu:
"Que grande tolice, abandonar o Criador para adorar as criaturas. Não é o sol apenas uma criação do meu Deus?"
Ouvindo isto, eles o espancaram ferozmente e o torturaram. Santo Abramius orou durante a tortura, ecoando as palavras do Salvador:
"Senhor, não lhes impute este pecado, eles não sabem o que fazem!"
O hieromartir foi decapitado pela espada, na aldeia de Feldman.
† † †
SUPLEMENTO
LITÚRGICO
Tropárion da
Ressurreição Tom 5
Fiéis, cantemos e adoremos o Verbo / Co-eterno ao Pai e ao Espírito Santo, / nascido para nossa salvação, da sempre Virgem Maria, / pois Ele aceitou livremente / sofrer a morte na Cruz / para dar a vida a todos os mortos //, pela Sua gloriosa Ressurreição.
Kondákion da Ressurreição Tom 5
Tu, ó meu Salvador, desceste ao Inferno, / e partiste em pedaços os portões, como Todo-Poderoso, / e como Сriador, ressuscitaste os mortos, / e destruíste, ó Cristo, o aguilhão da morte, / e libertou Adão da maldição, ó Tu Que amas a humanidade. / Por isso, nós todos clamamos: // Salva- nos, ó Senhor.
Kondákion da Ressurreição Tom 5
Tu, ó meu Salvador, desceste ao Inferno, / e partiste em pedaços os portões, como Todo-Poderoso, / e como Сriador, ressuscitaste os mortos, / e destruíste, ó Cristo, o aguilhão da morte, / e libertou Adão da maldição, ó Tu Que amas a humanidade. / Por isso, nós todos clamamos: // Salva- nos, ó Senhor.
Hino à Mãe de Deus Tom 5
Rejubila-te, ó Intransponível Porta do Senhor! /
Rejubila-te, ó Muralha e Proteção dos que a ti recorrem! / Rejubila-te, ó Refúgio
Inabalável! / Rejubila-te, ó Virgem Mãe de teu Deus e Criador! / Não cesses de
orar por aqueles que te louvam e adoram o teu Filho.
Tropárion da Festa
Rejubila-te, Ó Virgem Mãe de Deus, cheia de graça, / pois, de ti resplandeceu o Sol da Justiça, Cristo nosso Deus, / iluminando aos que estão em a escuridão. / Rejubila-te, também, tu, ó Justo Ancião, / que recebeste em teus braços o Redentor de nossas almas, // Que concede-nos a Ressurreição.
Kondákion da Festa
Ó Tu, Que pelo Teu nascimento santificaste o ventre da Virgem, / e abençoaste as mãos de Simeão, quando foi ao Teu Encontro, / agora, vem e salva-nos, ó Cristo Deus. / Em meio a guerra conceda paz à Tua Igreja, / e fortaleça aos Governantes que amas, // ó Tu Que amas a humanidade.
Prokímenon
Tu nos guardas, Senhor, / E nos livras da vingança eterna. (Sl. 11:8)
Salva-nos, Senhor, pois não há mais santos. (Sl. 11:1)
2 Timóteo 3:10-15
10 Tu, porém, tens observado a minha doutrina, procedimento, intenção, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11 as minhas perseguições e aflições, quais as que sofri em Antioquia, em Icônio, em Listra; quantas perseguições suportei! e de todas o Senhor me livrou. 12 E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições. 13 Mas os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, 15 e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Eu cantarei eternamente as Tuas misericórdias, Senhor;
anunciarei a Tua verdade de geração em geração.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Pois disseste: «A misericórdia elevar-se-á como um edifício eterno
e nos céus a Tua verdade será solidamente estabelecida».
Aleluia, aleluia, aleluia!
Lucas 18:10-14

† † †
HOMILIA
“Dois homens subiram
ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano”, disse o nosso Senhor Jesus Cristo.
Na realidade estes dois homens representam a todos nós. Eles são a reinvenção
de Caim e Abel que se apresentam perante Deus para ofertar. A oferta de um foi
rejeitada e a do outro aceita. Estes dois irmãos se apresentaram ante a Face do
Pai, trazendo algo em comum e também uma realidade distinta. O que tinham eles
em comum? A filiação de Adão, a mesma genética, e portanto herdaram uma
natureza morta, sujeita a paixões e inimizades para com Deus. O que os
distinguia? A disposição de alma em alimentar esta natureza herdada e o outro
na de buscar curá-la.
Quem são o
Fariseu e o Publicano? O primeiro representa a principal doença que mata a
semente da Fé outrora semeada no coração; o segundo, o antídoto para ela.
O fariseu, na fala de Cristo, é aquele em quem está
a dimensão da hipocrisia. “Acautelai-vos
do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lc 12:1). A palavra grega “hipokrisis (hypo=máscara, krisis=resposta,
discernimento”) aponta para o teatro de máscaras. Hipócritas (“hipokrite”) eram os atores que atuavam
mascarados, portanto, revelando faces que não eram os seus verdadeiros rostos.
Assim, conforme a etimologia da palavra, hipócrita é quem esconde o que pensa ou
que é, por trás de um rosto que não é o seu.
A hipocrisia é uma atitude herdada dos nossos
primeiros pais, no Éden, quando pecaram. Eles, para que suas nudezes não fossem
descobertas, se esconderam por entre as árvores do jardim (Gn 3:8). Em seus
desesperos e loucura não consideravam que de Deus não podiam se esconder. Na
hipocrisia o espirito maligno obscurece o nosso entendimento, percepção e bom
senso. Desta realidade, São Paulo nos fala na leitura da Epístola de hoje,
dizendo, que “os homens maus e impostores
irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2Tm 3:13). Em geral, a
hipocrisia é um recurso da alma passional para evitar uma perda ou assegurar um
ganho, e no engano das paixões, se esquece de ponderar o que nos adverte o
Senhor: “Quem ama a sua vida perdê-la-á,
e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (João
12:25). O maior perigo da hipocrisia é que ela é contagiosa. Jesus a chamou de “fermento dos fariseus”. Em sua reprovação
a esses farsantes, Ele diz: “Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer
um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes
mais do que vós” (Mt 23:15).
Cultivar a alma do Publicano é o grande antídoto
para a hipocrisia e o caminho mais seguro para ser agradável a Deus: “Sacrifício a Deus é o espírito quebrantado;
um coração compungido e humilhado Deus não o desprezará” (Sl. 50:17). O espírito
humilde só é alcançado por quem cultiva o amor pela verdade (Cristo), porque a
verdade liberta (João 8:32). A libertação que alcançamos na verdade, é que Ela
nos revela a Deus e consequentemente a nós mesmos, “pois em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz” (Sl
35:9). Quem conhece a Deus busca a verdade e se aproxima da luz, sem subterfúgios.
Nossos primeiros pais revelaram ignorância de Deus, pois, pondo o foco em si
mesmos, conceberam a artimanha de se esconderem. Eles jamais poderiam imaginar
que o Juíz É misericordioso e que julga segundo a verdade; e é por isto mesmo
que levaria em consideração suas fraquezas e impotências frente as astúcias da
serpente. A disciplina que Deus imporia sobre eles, seria para lhes ensinar a
obediência, eficaz ferramenta contra as ciladas do diabo:
“A lei do Senhor é
perfeita, convertendo almas; o testemunho do Senhor é fiel, instruindo até aos
bebês. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do
Senhor é brilhante e ilumina os olhos” (Sl 18:7,8).
Em seus fracassos, Ele, o nosso Deus, os queria reerguer,
pois fez para eles vestimentas e lhes prometeu, da carne mortal da mulher,
suscitar um Descendente vivificante. Na Grande Festa da Teofania, a Igreja celebra
tal revestimento cantando alegremente:
Vós todos que fostes
batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo: Aleluia!
E na Páscoa, entoa exultante:
Cristo ressuscitou
dos mortos, pisoteando a morte com a morte; e aos que estavam no túmulo Cristo
deu a vida!
No Sacramento da Confissão, ficamos desnudos
perante o Sacerdote, expomos nossas vergonhas Àquele que nos acolhe, porque seu
amor é infinito (Sl 105). E por mãos mortais revestidas pela Graça (as mãos do
Sacerdote), que ao nos cobrirem com a Estola, comunica-nos o perdão e o Dom Vivificante,
concedendo-nos a bênção do recomeço. As Portas do Paraíso se abrem novamente, e
na Eucaristia, nos alimentamos da Árvore da Vida. Somos trazidos de volta para
o Éden para arar as terras do nosso coração e nelas cultivar os bons frutos. No
Cânon de Santo André, na Oração de São Efraim, nos textos de São João Clímaco,
temos um excelente arado.
Mas, o mundo no qual nos movemos em nossa
exterioridade está tomado pelo maligno, por isto é terra árida, onde crescem
espinhos e sobrevivem animais peçonhentos; um palco de ilusões, descaminhos e lágrimas.
Por esta causa, um segundo recurso que a Misericórdia nos fornece são os
Santos, os quais não são unicamente intercessores, mas, modelos, guias seguros
que nos guiam pelas sendas do caminho da vida, nos livrando dos enganos e seduções
do caminho da morte; pois eles, sendo em tudo semelhante a nós, sujeitos às
mesmas paixões e fraquezas, manifestaram em si a Vida de Cristo.
Na Epístola que foi lida, São Paulo diz a Timóteo: “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina,
modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência...” (2Tm 3:10).
E, em outro lugar, se referindo aos Santos, diz:
“Portanto nós
também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas,
deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos
com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz,
desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:1,2). Comemorando
esta graça, a Liturgia celebrada durante a semana, entoa:
“Salva-nos, ó Filho
de Deus, que És glorificado em Teus Santos, a nós que a Ti cantamos: Aleluia!”
A cada Grande Quaresma devemos sepultar o fariseu
que quer viver em nós, e mantê-lo pisoteado pela Cruz de Cristo; pois, via de
regra, assim como Caim matou Abel, assim, também, a hipocrisia deseja constantemente
assassinar a verdade. E se olharmos direito, não é este o combate que está no
subterrâneo de todos os conflitos existentes na Igreja?
Que Deus, por Seu Espírito e misericórdia, pela graça
vivificante que há em Cristo, nos faça ouvinte diligentes do conselho apostólico,
que assim exorta:
“Conservando a fé, e
a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé... Ora, o
fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de
uma fé não fingida” (1Tm 1:19; 1:5)
Pe. Mateus (Antonio
Eça)
* As citações dos Salmos obedecem às numerações da
Bíblia dos LXX (Septuaginta).
* As citações dos Salmos obedecem às numerações da
Bíblia dos LXX (Septuaginta).
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